Como confrontar as situações onde nossos princípios verdadeiros parecem estar em conflito?

O seguinte artigo é um trecho do livro “A fé não é cega” escrito pelo Élder Bruce C. Hafen e sua esposa, Marie K. Hafen. Esse livro oferece novos conceitos e ferramentas que te ajudarão a aprender com experiências difíceis, no lugar de se sentir  desiludido ou desiludida por elas. Esse livro reconhece os temas complicados do Evangelho e te guia clara e gentilmente através de passos necessários para aplicar durante as dificuldades, desenvolver um testemunho forte e se encher da fé que vem de conhecer a Deus.

No quinto capítulo do livro, “Ambiguidade produtiva”, os Hafen falam de como enfrentar situações em que os princípios verdadeiros parecem entrar em conflito. Por exemplo, as escrituras ensinam sobre a justiça e a misericórdia, dos princípios verdadeiros que podem parecer estar em conflito quando alguém comete um pecado. Deus é um Deus de justiça? Ou  é um Deus de misericórdia?

Na realidade, Ele é um Deus de ambas as coisas, e a Expiação do Salvador nos ajuda a reconciliar conflitos entre a justiça e a misericórdia: Há lugar tanto para o castigo quanto para o perdão.

O casal Hafen diz que aprender a aceitar esses conflitos aparentes e a resolvê-los é um passo essencial para encontrar o equilíbrio e fortalecer nossa fé. Joseph Smith uma vez disse: Ao provar os opostos, a verdade se manifesta.

Honrar os princípios em conflito

Por exemplo, quando o Élder Hafen era reitor da Faculdade de Direito da BYU, o presidente Ezra Taft Benson deu uma aula “às mães de Sião”. Ele descreveu a maternidade como o chamado mais nobre de todos. Também aconselhou as mães que evitassem trabalhar fora de seus lares sempre que fosse possível.

Porque a Escola de Direito tinha um número crescente de mulheres estudantes, uma forte controvérsia surgiu entre os estudantes: Deveriam essas mulheres estudar para uma profissão que frequentemente requer que elas trabalhem em tempo integral fora de casa?

Quando pediram ao Élder Hafen para discutir sobre esse assunto com todos os estudantes de direito, ele disse que sabia, por suas reuniões com a Primeira Presidência e os Doze, que a Primeira Presidência queria que as mulheres “recebessem toda a educação que puderem”, incluindo a Escola de Direito, se fosse de sua escolha.

Ao mesmo tempo, os filhos e as famílias devem ser a prioridade, tanto para os pais quanto para as mães, e eles confiam que os membros fiéis da Igreja busquem a ajuda do Senhor para aplicar esses princípios que às vezes competem com suas próprias vidas.

Aprender a viver com princípios verdadeiros que competem entre si é uma habilidade essencial, não só para os estudantes de direito, mas sim para todos nós. Por isso o casal Hafen nos incentiva a aprender a lidar com princípios em conflito, a aceitar a tensão ocasional e a ir além de só uma forma de pensar. Só assim a tensão pode se tornar algo produtivo.

Para poder lidar com nossas dúvidas acerca de nossa fé, o Élder Hafen nos recomenda: Permanecer dispostos, aprender a honrar os princípios em conflito, aceitar a tensão e ir além de um ou outro modo de pensar.

Assim, a tensão se torna produtiva.

“E eu os curarei”

Frequentemente, experimentamos situações que colocam à prova nossos princípios e requerem sacrifícios.

Por exemplo, se encontro uma carteira na rua cheia de dinheiro, é normal que pensemos em duas opções: Fico com ela ou procuro pelo dono?

Esse conhecimento faz com que a escolha de buscar pelo dono seja completamente moral.

Então, sou consciente da decisão de agir, me arriscar e pegar a carteira, em vez de tomar a decisão automática de ficar com o dinheiro.

As escrituras ilustram, em diversas oportunidades, esse processo, que é parte central da doutrina de andar pelo caminho da fé (1 Néfi 3:7).

Imagine o momento em que Abraão se colocou de pé e apontou uma faca para seu amado filho Isaque, sabendo que o sacrifício solicitado contradizia tudo o que mais importava para ele: As promessas sobre seu único filho, sua posteridade, sua terra prometida, tudo, exceto seu amor incondicional pelo Senhor.

Ester sabia que seu povo estava jejuando e orando por ela. Porém, também sabia que estava arriscando sua vida ao se aproximar do rei. Com fé total, Ester disse:

“E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.” (Ester 4:13-16)

Os três jovens israelitas se acercaram à fornalha de fogo ardente na Babilônia com a mesma mentalidade:

“Se assim for, que o nosso Deus, a quem nós servimos, nos pode livrar da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei, ele há de nos livrar.

Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” (Daniel 3:17-18)

Morôni enfrentou a aparente contradição de que designaram para ele a tarefa de escrever um testemunho final nas placas sagradas. Entretanto, “inabilidade de nossas mãos.” se sentiu incapaz de escrever com poder e disse: “ Temo que os gentios zombem de nossas palavras”.

Então, o Senhor o ensinou que se ele se humilhasse, Ele converteria a debilidade em fortaleza. (Éter 12:24-30).

O Senhor tem certa maneira de nos ajudar a resolver nossas ambiguidades de tal forma que nos molda e nos fortalece.

Se podemos resolver nossas ambiguidades com uma atitude de fé, nossas decisões fiéis finalmente nos conduzirão a nossa santificação.

Aqueles cuja fé não é cega, “vem com os olhos, escutam com os ouvidos e entendem com o coração”.

Um dia, esse uso completo de nossos sentidos de fé nos levarão aos pés daquele que disse: “E eu vos curarei.” (Mateus 13:15)

Para ler o segundo capítulo de “A Fé Não é Cega” online, clique aqui.

Para ouvir o audiolivro de “A Fé Não é Cega” online, clique aqui.

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Também, você pode acessar o site faithisnotblind.org (em inglês) e ouvir os podcasts exclusivos sobre esses assuntos. Se desejar, pode acessar os mesmo podcasts no YouTube e assisti-los com legendas em português, basta seguir os passos:

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